quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Virtual x Real

Durmi inquieto. Não parava de pensar em acordar cedo ja vestido para começar a quebrar meus recordes...
Logo quando levantei, ja podia ouvir ao fundo as vozes, os tiros, toda aquela poeira com cheiro de sangue...
Acordo meu irmão e vamos pra batalha...
Ligamos a imensa tela, todos os botões e em poucos minutos estamos naquele helicóptero que nos guiara para a próxima missão
Atentos sobrevoamos uma rua deserta, não há ninguém, mas meus reflexos estão aguçados, sinto que algo pode ocorrer..
Olho com mais afinco ao horizonte, e vejo em um andar de um prédio algo se movendo.
O que é aquilo no penultimo andar do prédio branco irmão!!! Me parece um míssel ou um morteiro...
Vou aproximar para tentar ver melhor, Ja prepara as armas para o ataque.
Ao aproximar, constato que de fato é um míssel. Parece um AIM-9.
Meu irmão um tanto apavorado grita. Não sei, vamos destruir logo esse prédio e passar pra próxima fase....
De repente eu vejo um movimento nas ruas, são 2 pessoas passando próxima ao prédio.
Espera um pouco, tem 2 pessoas passando próximo do prédio, Não vamos ficar matando civis, no final provavelmente a gente
pode perder alguns pontos.
Ahhhh eu quero ver sangue, vamos explodir tudo, vai ser legal...
Beleza, manda bala...
Aquela explosão faz tudo ir pelos ares, finalizamos a missão, meu corpo parece sentir um prazer impagável, inalcancável com outros
meios, a não ser com essa ação de aniquilar as pessoas e ver escorrer uma quantidade sem tamanho de sangue.
Em pouco tempo ja estamos na próxima fase.
Agora parece mais difícil. É uma mistura de guerrilheiros com civis.
Rapidamente ja analiso o ambiente e vejo 2 civis, parecem jornalistas, carregam consigo cameras e uma papelada.
Talvez fotógrafos...Talvez trabalhadores..
O resto, uns 10, todos guerrilheiros...
Digo pro meu irmão: Olha o alvo não está tão fácil, mas peço permissão pra atirar neles.
Tem civis juntos , pergunta ele.
Sim, mas estão misturados com pessoas armadas, deve ser um deles.
Atire.
Em poucos segundos com meu morteiro e suas balas de 30mm dilacero seus corpos, com os membros voando por todas as partes.
Sangue e gritos pra todo lado me da energia e me faz sentir vivo pra continuar a quebrar meus recordes e continuar
vidrado e ligado nessa grande redoma.
Ei, tem um rastejando ali no canto. Observa bem meu irmão.
Não sei ao certo, mas parece que é um dos civis, não sei se continuo a atirar, talvez seja bom deixar ele sofrer.
Me faz sentir bem ve-lo assim, ensaguentado e sofrendo.
Eis que chega uma van, todos civis, recolhendo o cidadão que agonizava na rua.
O que é aquela van ali, pergunto ao meu irmão.
Ele diz: Acho que é um daqueles resgates, deve ser aliados trazendo mais armas.
Vou dar um zoom. Não, não é não, é aquelas van escolares, Parou pra ajudar mesmo.
Ahhhh, Bons samaritanos. Entendi. Ahh irmão, Mete fogo em tudo.
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Fumaça e corpos pra todo lado.... Nem a van ficou inteira. Aos gritos meu irmão festejava... e eu, por dentro, sentia uma
alegria e uma excitação incontrolável de estar finalizando mais uma fase.

Vamos voltar pra base com o helicóptero... ja faz horas que estamos aqui...
Ao fundo escutamos pelo rádio...
Façam uma pausa e retornem para continuar com as empreitadas soldados.
Eu viro pro meu irmão e digo: Vamos mamãe está chamando, desligue tudo e vamos almoçar.
Ele me diz: Mamãe?? Relaxa ai cara, você ta alucinando... Foi o Capitão que nos chamou, Desce o helicóptero e vamos contar pra
ele as nossas ações de hoje. Ele vai ficar orgulhoso com a nossa matança.
Fico paralizado em estado de choque.....
Meu uniforme ja não é o da escola...
A pausa não é para o lanche da mamãe...
O helicóptero é de verdade...
e as mortes não são dos personagens do video game....

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